“Nosso tempo já passou.” Esse é
meu mantra. O repito várias vezes ao longo do dia. Com essa minha nova
personagem incorporada, tento esquecer tudo que já aconteceu. Não olhar placas
de trânsito - que por sinal são amarelas – e me lembrar de você. Você nunca vai
saber que você é o Amarelo, na verdade. Por isso posso falar. Mas, digo isso
como se fosse a vida de outra pessoa, com a ingenuidade e curiosidade de uma espectadora, porque nosso tempo já passou.
Toda manhã, ou tarde, e quem sabe
noite que acordo, eu olho para meu teto estrelado do quarto, e penso no sol que
pode estar fazendo lá fora, mesmo que esteja tendo uma tempestade. Ah, as
tempestades. Lembro que uma menina gosta muito delas, e sempre que olha uma
vindo suspira ao contemplar isso, e sente como se o corpo flutuasse, fluísse. Acontecem
borboletas (no estômago). Ela se enche de vida. Corre. Lembra-se da promessa, aquelas
de não responder. Fica uma aula inteira de História lixando as unhas e
conversando com as amigas, rindo. A tempestade a faz bem. Porém, ela acabou não
gostando mais das que ocorriam. Foi no momento que ela caiu (das asas criadas)
diretamente de um prédio, o Olga. Ela se
tornou humana, pois com a tempestade virava anjo. Ela se machucou muito. Sentiu
o amor se estraçalhando, espalhando-se, só que, mesmo assim, sobrevivendo à queda...
(...)“Por que
ele nunca escreveu seu nome na areia?” Porque ele não queria que as ondas o apagasse. Ele cravejou e lacrou dentro do seu coração um nome, e ela nunca
soube. Sentia que sempre voltava lá pra trás, pra setembro, mesmo que já
estivesse em novembro. Mesmo que quisesse estar em 2013, estava em 2012. 13 é o
número da sorte dela. Pensa que tudo que acontecer nesse ano, ou nessa data
deve ser gravado para sempre num semblante, porque o treze não era um destino,
era uma promessa de que tudo seria da melhor forma e o que tinha que ser...
Estou
morrendo de calor e você deve estar se perguntando: “Como ela sabe dessas
histórias dessas pessoas que ela tanto falou?” Eu leio muito. Eu fantasio
muito. Eu escuto muitas músicas, meu bem. Eu me iludo demais. Mas amo uma bela
leitura, escrever, escutar uma música boa. E estou com muito calor. Tô sendo
repetitiva já. É melhor repetir algumas palavras, e coisas, do que lembrar e
falar de outras totalmente imaginárias.