quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Como diria a chuva...

Escrever friamente, complicado. Ideias? Sim? Claro. Não apresentam fim, nem começo. E nunca vão acabar. Mesmo tudo que esteja no final, sempre se transforma. Mas cuidado, pode ser para melhor, ou, quem sabe, para pior. E o que digo? Não pense nisso. Tente. Não pode ser um fracassado sem tentar. E nunca será vitorioso, se não der uma chance para você, para vida, e para tudo. 7 3 7

domingo, 20 de novembro de 2011

Protocordados amados

Deitei ofegante na cama. Estava com indícios de dor no ouvido, dor de cabeça e quase uma dor de garganta. Já delirando de febre, pensei na Sara e no Johnny, o sentimento deles, aquela concentração molecular que havia entre eles, aquela corda que os amarravam. A ideia da menina doce e boa que ela era, e o eterno encantador e apaixonado que ele era, o qual não dava rosas, sim maças de amor. De tal amor que ansiavam, não puderam realizá-lo por completo, tiveram um empecilho, fizeram o que deveria ser feito. Foi só uma vez, depois seguiram suas vidas.

Mas, por que diabos eu pensei nisso? E por que, nesse momento, do nada, pequei um papel de um calendário e uma caneta da cadeira da minha avó, e estou escrevendo, anotando, quase fechando meus olhos, pois estou farta de tudo? Por quê? Oz sabe.

Só sei que depois disso me afundei por baixo dos cobertores, vi a ausência de todas as cores, sem pensamentos, uma fenda, o escuro. Sim, agora lembrei de fantasmas que rondavam e atormentavam a minha infância, Oz, Sr. Sequinho, Bruxa Pi, Gato Infame, entre outros milhões, e precisei escrever. Verdade, minhas mãos tremiam, meu dedo machucado doía, mas eu não queria parar, não. “Foi necessário!”

Apaga a luz sozinha. Medo. Sensação de dormência nos meus pés. Parece que com a visão perdi os outros sentidos, também. Somente segui presa em meus momentos que não me deixavam. Olhei a porta, mas como? Estava tudo escuro, entretanto, olhei-a. Vi, observei, calculei, persegui, procurei, encontrei. Estava na minha frente um gato, estranho, assombrado, nevoante, sombrio.

Esse gato era mágico e maravilhoso, e apenas olhava-me. Branco, enorme e tinha olhos avermelhados de 789-nt, uma droga usada para modificar geneticamente animais. Nada atormentava-me mais, fiquei calma com essa alma gélida, bandida e meiga que estava na minha frente.

Sentindo já que não aguentava mais, era quase impossível escrever, eu dormi. E nesse sono não sonhei, de tão cansada que estava, cansada da vida.


Bruna Caznok.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Visse! Que povo mais tirano, eu

“Vou mudar, ontem.” Desde que ouvi isso fiquei muito encucada. Escutei de mim mesma, peguei-me em sonhos ao pôr do sol. Não é por nada e sim por tudo, todos mudam, é natural esse fenômeno. “Natural?” – Exalou em minha mente. Sim, natural. Leva-nos a mutação, não vamos ser como éramos antes - e alguma forma-, com o tempo, seremos melhores, mais fortes, mais bons.

Quando li um conto chamado ‘Mutação’ fiquei extremamente viva, sim, muito viva. Não me lembro do autor, só do título e da história, que contava sobre um homem que acordou em seu casulo fazendo a ecdise (muda, troca de exoesqueleto). A cada estágio mudava, via-se de outra forma, sentia-se de outra forma, e o mundo, mudava com ele, porém, em algumas horas, o homem estava à frente do mundo.

Era uma morte simples, normal, abrupta, semelhante, desigual. Sem dor, e assim fechava-se um ciclo. Para ele, cada dia era uma nova forma de viver, um novo motivo para estar aí. Sons inusitados, cânticos independentes. Enfim, tudo mudara, mas detalhes permaneciam.

Para mim, era novidade. Eu, em minha plena rebeldia e desconhecimento do notável ser humano, não entendia quase nada. Buscava, e com isso, cheguei a uma conclusão: quero e vou nunca querer desistir. Imensidades seriam minhas, o ouro mais valioso estava só me esperando. Poderia sim, algum forasteiro conseguir antes, mas eu não faria manha, o horizonte já era meu.

Sabe quantos anos tinha? Minha idade menos quatro, quando li e iniciei isso. Por isso falo: “Eu comecei a viver quando observei essa masmorra que me cercava. Não só de uma forma literal, e sim, vi que tudo o que pensava era obsoleto, o que um dia foi bom, mas se transforma.” A sensação foi inesquecível, flutuante. Parece que sai do meu próprio "mundo com limites", e vi que deveria ligar para tudo, e, ao mesmo tempo, não ligar para nada. Se eu não fizer no agora, não tenho outro tempo para fazer. Nunca é tarde. Tudo é passageiro. Não há tempo. Há todo tempo do mundo. Trilharemos nesse momento o passado, presente e futuro, tendo sua arcada dentária.


Bruna Caznok.