segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Devaneios fortificantes

Há um tempo, não muito distante, e nem muito próximo, uma professora disse-me uma coisa que acabou por ligar os pontos para mim, depois de um tempo: “As vírgulas em um texto são como sombras em um desenho. Tome cuidado para usá-las, tanto uma quanto outra, pode mudar tudo.”

Desde criança eu gostava de desenhar, pintar, dançar, escrever, e como qualquer mini petit, brincar também. Se me perguntassem o que eu amava fazer, era fácil responder: “Ah, adoro desenhar, escrever, é isso. É verdade, não posso esquecer que amo pular corda.” Minhas atividades diárias eram apenas essas mencionas, e, ia ao colégio, onde eu me sentia feliz aprendendo matemática, português, e artes.

A única coisa que sabia responder sobre ‘o que eu queria ser quando crescer’ era: “Professora.” Sempre tive orgulho de meus professores, nunca me senti menor em relação a eles, para mim, eu era igual a eles, uma aluna que queria seguir o exemplo deles, sempre com os olhos voltados para futuro, nem pensava muito no agora, só queria saber do amanhã.

Tinha como costume também dar nomes para coisas e ter amigos imaginários, que na verdade, era só um. Carroça era carrinho velho com cavalos, sorriso era mostrar dos dentes, minha mãe era mamão, e assim vai. Tive uma amiga imaginária, que até hoje não acredito muito nela, penso que seja algo criado por minha mente, ou sonhos. Qual será que era o nome da dama reluzente que me embalava para dormir? Bruxa π. Sim, era a bruxa 3,1415926..., não sei como, nem sabia a existência do número Pi, mas foi esse o nome que dei para minha defensora.

O mais estranho de tudo, era que ela emitia um som esquisito, parecido com: “Ha-Puf.” Toda vez que ouvia isso ficava com receio, e ao mesmo tempo, com um conforto. Ela cuidava-me de tudo, ouvia-me, e não falava nada. Sabe quando a vi? Nenhuma vez, só escutava esse som que exalava todo tempo em minha mente.

Perdi contanto com ela quando me liguei a estrangeiros de estepes. Não dormia mais em casa, e só pensava no ‘E.T., o Extraterrestre’. Foi uma parte de minha vida que me distancie de projetos literários, não tinha mais o mesmo prazer em fazer o que fazia anteriormente.

Mais ou menos, um ano eu voltei à vida. Tudo que me envolvia, e deixa-me longe do que eu gosto, ou acredito que gosto, foi embora. Com a abertura de minhas pálpebras e o mover de cada uma de minhas pestanas – pode-se dizer na guitarra, também -, está aqui, de novo, a Rosa.

Bruna Caznok.

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