domingo, 30 de outubro de 2011

Plenamente

Pensei soltando entusiasmo
Não sei o que me veio.
Sabendo que eu tenho sarcasmo,
Sim, meu lado feio.

Na imensidão
Descobri enfim,
Que não tenho medo da escuridão
Pois tenho te tenho perto de mim.
Que você seja,
A minha extrema riqueza
E eu aqui esteja,
Contemplando a sua beleza.

Senti um vento soprar
Plenamente.
Em meus ouvidos cantar
Colosalmente,
As cantigas que não escutara
Há muito tempo, voltaram
A embelezar
Aquele luar.

Porém você sabe
Que me resta a lembrança
De como era antes.
Deixando-me a esperança
Em meus pensamentos.
Como uma herança
De nossos ricos momentos.


Alice Manuela de Siqueira Ramos.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Manifestos de minha ignorância

Sabe quando você gosta - verdadeiramente e inebriantemente - de algo, mas muito, e parece que antes estava de olhos cerrados? Percebe-se que você está adorando isso, ou, sem falsas esperanças, somente é envolvido por isso, e finge que gosta, finge tão bem que acredita na sua mentira. E assim, leva, segue, deixa a vida te levar e a vida te leva.

Acreditando nessa mentira, um mundo inexistente forma-se, e isso pode ser bom. Mas o que é esse bom, ou esse ruim? Quem intitulou? Alguém foi às margens de um rio raso e disse: "Isso é bom, isso é ruim. Pronto!"? Subiu em cima de seu burrinho, com toda a sua plebe nobre e fez de nossas leis imaginárias um desastre? Não, pelo menos hoje existe sim a liberdade, ou era para ela estar aqui presente.

Bom, bom para mim é ver todos os dias a lua à noite. Subir no muro para catar das árvores frutos. Ver a energia, aquela que forma toda uma constelação de sentimentos jogados ao vento – miraculosamente e cuidadosamente -, para não cair, não se mover. Estar ali, mas a qualquer momento, posso tomar pelos braços e alcançar o infinito.

Ruim para mim é tirar algo das pessoas. Sim, no início é ruim, porém aos poucos se torna bom isso. Percebemos que aquilo deveria ser feito, sem desculpas, sem culpa, sem dó. De qualquer forma, é inevitável, é indesejável, mas é preciso.

Seremos sempre levados à linha tênue entre o desejável e o alterável, entretanto, serve para algo isso tudo, não ocorre por pura coincidência. Temos que dar o máximo de nós. No fim, tudo se encaixa, vira um rolo só, do filme da vida de cada um de nós, o qual pode ter a vida dos outros junto, amarrado, unido para sempre.

Bruna Caznok.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A mão

Pediu para imaginar, o que será que eu fiz? Revoguei, com certeza, não sou boba, sou nada, e não quero me sentir assim, acuada. Sonhar, palavra nova pra mim? Que nada, isso já se tornou rotina, assim, meu oficio. Faço isso desde quando? Desde que te reconheci, e nem parei mais de fazer isso. A cada dia que vem eu vejo a luz do sol bater, em notas, notas musicais, compondo uma harmonia, que vem naturalmente
até mim.

É, e quantas vezes eu já sonhei? Milhões, nem sei fazer as contas. Algumas caem no esquecimento, busco cada momento, mas sim, lembro. Não digo, calo-me, porque prefiro continuar aqui, no meu silêncio.

Quando digo que se queremos algo, independente de ser difícil (whatever o que for), conseguimos. Usamos toda a nossa força, toda a nossa fé, nossa vontade, e vencemos. Se não queremos, fingimos uma leve frustração, rimando com uma pequena animação, de que talvez um dia conseguiremos algo sem fazer esforço nenhum.

Uma vez eu quis tanto algo, mas tanto, que meu desejo se expandiu ao meu semelhante. Sim! Era a ele que eu queria que acreditasse em mim. Vivendo nesse sossego, e não lembrando mais do que era meu sonho. Vivi o que os outros almejavam, e perdi-me em desilusões, em uma busca incessante por aquilo que não era meu, e nem buscava.

Como devo terminar? Já sei, o que eu escrever é o que você quer ouvir ou o que você diria, e assim, sucessivamente. Au revoir.

Bruna Caznok.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Banjo no manjo do anjo

Um dia num manejo estranho veio um anjo

Que insistia em me revidar,

Com a cor dos olhos castanhos

Veio a me convidar.


Descendo à terra firme

Com o intuito de vencer,

De ser.

Pois tendo meu declive

O meu renascer.


Cheguei ao véu

De uma mãe,

Parecia estar no céu,

Num lindo jardim.

Sentindo assim,

Que eu estou aqui para ser alguém.


No mel de ser criança,

Doce mel,

Onde aprendi que o certo

E o certo.

O errado é um ponto de vista,

Tendo sempre ao longo do fel,

Aquelas pistas.


No banjo do acordar,

Olhar-me,

E apreciar,

Vendo que eu não sou mais quem era

Ou sou?


Eu estou sim,

Sem o que dizer,

Sem o que fazer.

Pois me vejo no espelho e não me reconheço.

Face que tinha não mais a tenho,

A sinceridade que existia eu perco.

Tomo-me pelo mundo,

E eu nem sou o Raimundo.


Bruna Caznok, 2009.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Devaneios fortificantes

Há um tempo, não muito distante, e nem muito próximo, uma professora disse-me uma coisa que acabou por ligar os pontos para mim, depois de um tempo: “As vírgulas em um texto são como sombras em um desenho. Tome cuidado para usá-las, tanto uma quanto outra, pode mudar tudo.”

Desde criança eu gostava de desenhar, pintar, dançar, escrever, e como qualquer mini petit, brincar também. Se me perguntassem o que eu amava fazer, era fácil responder: “Ah, adoro desenhar, escrever, é isso. É verdade, não posso esquecer que amo pular corda.” Minhas atividades diárias eram apenas essas mencionas, e, ia ao colégio, onde eu me sentia feliz aprendendo matemática, português, e artes.

A única coisa que sabia responder sobre ‘o que eu queria ser quando crescer’ era: “Professora.” Sempre tive orgulho de meus professores, nunca me senti menor em relação a eles, para mim, eu era igual a eles, uma aluna que queria seguir o exemplo deles, sempre com os olhos voltados para futuro, nem pensava muito no agora, só queria saber do amanhã.

Tinha como costume também dar nomes para coisas e ter amigos imaginários, que na verdade, era só um. Carroça era carrinho velho com cavalos, sorriso era mostrar dos dentes, minha mãe era mamão, e assim vai. Tive uma amiga imaginária, que até hoje não acredito muito nela, penso que seja algo criado por minha mente, ou sonhos. Qual será que era o nome da dama reluzente que me embalava para dormir? Bruxa π. Sim, era a bruxa 3,1415926..., não sei como, nem sabia a existência do número Pi, mas foi esse o nome que dei para minha defensora.

O mais estranho de tudo, era que ela emitia um som esquisito, parecido com: “Ha-Puf.” Toda vez que ouvia isso ficava com receio, e ao mesmo tempo, com um conforto. Ela cuidava-me de tudo, ouvia-me, e não falava nada. Sabe quando a vi? Nenhuma vez, só escutava esse som que exalava todo tempo em minha mente.

Perdi contanto com ela quando me liguei a estrangeiros de estepes. Não dormia mais em casa, e só pensava no ‘E.T., o Extraterrestre’. Foi uma parte de minha vida que me distancie de projetos literários, não tinha mais o mesmo prazer em fazer o que fazia anteriormente.

Mais ou menos, um ano eu voltei à vida. Tudo que me envolvia, e deixa-me longe do que eu gosto, ou acredito que gosto, foi embora. Com a abertura de minhas pálpebras e o mover de cada uma de minhas pestanas – pode-se dizer na guitarra, também -, está aqui, de novo, a Rosa.

Bruna Caznok.