quinta-feira, 28 de junho de 2012

Óculos

Querer descobrir sonhos alheios, voar entre cada cílio e fechá-los, arrancá-los. Não os sonhos, os cílios. Desdobrando assim cada tapete que me separa do longe. Esvaziando a mente, pensando em uma só coisa. Perseguindo todos os invernos que forem necessários. Atenciosamente enaltecendo alguns resquícios do presente; unindo uma molécula de água a outras. Subindo os degraus da Lua. Sentindo o cheio das nuvens de chuva e dos livros antigos. Posicionando o meu olhar em direção a você.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quintal


Houve o tempo em que havia rima;
As paredes não eram muros
E sim constelação.
Meu encantamento aos poucos foi virando enganação,
Nada além de um papel manchado de tinta rabiscada.
Eu fiz meu próprio sonho,
O meu limite.
Hoje eu passo por baixo de escadas
E não encontro mais trevos de quatro folhas.

domingo, 17 de junho de 2012

Ventania {Tempestade; desenhos sobre a mesa. O vento.}

Passar mais de quatro horas acordado te faz uma pessoa melhor, cara.

Brilho

O que não fazemos para ter um pouquinho de brilho, né? Nem que seja ter a ausência, mas lembrar que já teve um dia. É. Vou escrever um livro sobre isso. Ah, é sério. Seu nome vai ser: 'Tudo que existe em uma mente brilhante'.



Calma

Saudades, vem e vão. São como santos. Não têm nome, nem gravidade. Não tem luar. Treze estrelas no ceú, é o meu nome, e nunca mais vou errar como se escreve. Sim, eu já ri muito de estar estressada; não houve hão. Nada é tão complicado quando parece, depois.


Bruna Caznok.

domingo, 3 de junho de 2012

Cartilha


Eu sempre pensei no dia do meu enterro, o qual seria quando eu estivesse no ápice do meu sonho, e deveria ser muito triste, onde todos os meus estranhos iriam estar extremamente tristes.
Eu sou a segunda filha, a primeira faleceu quando nasceu de morte natural, e se chamava Alice Manuela, igual a mim. Quando descobri que minha vida era uma mentira, eu não era mais única, era apenas o segundo plano, eu desmoronei. 
Sempre queriam que eu fosse de um modo, criavam uma forma que poderia ser a do que um dia foi, mas subiu com o vento, e encontrou o mar. Eu fazia de tudo para ser assim, achando que a vida era minha, mas era engano. Nada existia, tudo girava em torno da ânsia da minha alma.

***

Meus pés encostaram na faixa de pedestres, e toda a vida imaginei o sangue corroendo o branco tencioso das linhas no asfalto; pessoas que nem me conheciam rodeavam o chão , entretanto, nada me libertava.
Queria algo novo, inerte, minha idoneidade e idade só me faziam acreditar: é no berço que se tem a vida. Eu queimo Aristarco, de nada adianta, só se eu romper a minha ideia e esquecer.  


 Alice Manuela de Siqueira Ramos.