domingo, 11 de dezembro de 2011

Transcrições assinaladas com defeito

Eu encontrei o que não queria procurar. Procurei. Levou tempo, e tempo da minha vida. Passei por árvores, por esquilos, por vampiros, lobos, tradições, águas, luzes. Por esquinas, levantamento de mãos, quadros, amazonas, escritos, mensagens, sinos. Pelas rodas, rosas, pousadas, revanches, chás, lírios, cinzos. Por vermelhos, flores, gramas, canecas, Inglaterras, abraços, poemas. Rabiscos, inúteis. Brancos. Navios. Silêncio. Mas tudo, tudo isso fez falta para mim. Era o meu vazio, aquele que eu tinha, e ainda tenho. Porque elas foram, não estão aqui agora, entretanto, podem vir amanhã. Eu não ligo, não dá. Eu quero voltar pra isso, mas se voltar demais, eu vou ter perdido. E está aonde esse ‘isso’? No futuro. 

Sempre tive a sensação de estar presa no pretérito. Sim, naquele que foi e tinha certeza que nada seria melhor. “Só porque vivi essa abundância de alegrias e sensações, senti-me bem, fui feliz. Esse é o melhor dia de minha vida! ” Sin embargo, qualquer coisa muda. Eventos novos virão. Provavelmente, a primeira vez que aconteceu em sua vida uma coisa inacreditável e obliqua, vai marcar. Lembrará em cada momento ruim de sua existência, e virá um sorriso, nem que seja em forma de lágrimas. 

            É, este é o instante que me faltam palavras. Ainda não aprendi o significado de todas. Depois que acho o que eu busco e sei a formação que tem, seus detalhes, seus hábitos, eu não largo mais. Nem que eu agarre um número, símbolo, uma letra, palavra, um nome, mas nunca mais me desfaço disso. Fica guardado na minha mente, esperando o momento que vou usar. Misteriosamente, sempre encontro um caminho que me leva a ter a possibilidade de transferir as minhas ideias. Como, por exemplo, no ‘arregaçar’. Olhe, olhe, observe, crie laços, ambições e faça uma ponte onde tenha essa palavra. 
 
            Vou confessar, no início foi difícil, complicado demais. Demorei cerca de dois meses para colocá-la em uma frase, e criar todo um contexto e uma ligação iônica, mas deu certo. As ostras tiveram que ser arregaçados, sem danos, não movendo suas pérolas, e percebendo o Filo em geral. 

            O mar foi levando minhas agonias, meus medos, fracassos, dores e danos. Exatamente, cada coisa que se opunha a mim – e a todos – tornou-se segundo plano. Recebi a pior de todas as notícias, até agora, e foi normal. É lógico que temos que reivindicar, algo triste não pode ser comum. Porém aos poucos, minha boca fica amarga, às vezes, perco meus sentidos, mas tenho muito que fazer, ainda. E, como sei, falta-me coragem e tenho muita. Controle e concentração, ponderar. 


Bruna Caznok

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