terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Meu queijo desapareceu

           Como diria meu amigo Larry, e, também o Peter: “Vamos voltar para o ano de 1632.” Não eu, nem você, nem meu cachorro, e sim, todos nós. Imagine o cheiro que tinha, eu estou imaginando. Aquela coisa pútrida, marrom, branca, gelatinosa, dérmica, sangrenta, cristalizada, cicatrizada, mas nunca fechada. Eu estou pensando. Na verdade, sempre pensei nisso, não é algo novo, mas, algo mórbido. Para mim não é, para outros sim. É, já perguntei às pessoas, como quem não quer nada: “Recrie na sua mente essa cena.” Elas sempre ficavam dizendo: “Isso não é coisa que se pensa.” “Esqueça isso.” “Você está... Esquisita.”

Por exemplo, acidentes acontecem, sempre. Não que vá ocorrer alguma coisa, mas é uma possibilidade. E depois que se faz, tem que ter isso. Foi assim que descobriram a causa de doenças, gripes, então é comum. Eu acho normal. Nicolaes me entenderia. Ou não. Vai saber. Com o tempo, tornou-se uma ideia fixa transcorrente. Eu não conseguia ver gente sem observar esses traços, como poderia ser depois. Tudo isso.

            Um ladrãozinho teve toda a cena incumbida a ele. Veja e só terá o resultado de um sentido. O médico olhava para o horizonte, pedindo – quem sabe, a ajuda de um Deus, e com muito medo, quizá de fazer errado. Todos na sala olhavam, entretanto, existiam dois homens que não envergavam o corpo, ou, olhavam-no demais. Pareciam ser culpados, eu sentia isso. Um permanecia parado como se o homem não fosse um marginal, e sim esteve enrolado em uma emboscada e foi parar em cima de uma mesa. O outro, olhava para mim, e estava com o papel na mão, de anotações, como se ele fosse o verdadeiro culpado de tudo. Mas, ninguém tem culpa.

            Reavaliando toda uma ideia, e colocando em uma frase. Vendo a regência, buscando balbucios, perseguindo colocações indevidas, e ficando livre de qualquer dano aparente, é necessário comentar sobre isso. Estava esperando um advérbio de negação na frente, até eu queria que estivesse ali. Mas jamais. Se existir uma réstia de sol, ainda, não se pode provar o contrário. 

Enquanto isso, este odor de formol entrou no salão, fez resina, dançou, cambaleou, deixou amarga à boca. Ânsia. Não saiu, desde o dia que senti. Um dia talvez suma no pó. Muitas desventuras. Que nada, quem nunca foi em uma aula de anatomia, não é?

Bruna Caznok.

Nenhum comentário:

Postar um comentário