Até o sol pode
ser arrancado com o vento. Eu pus-me a esperar ele ser emaranhando para baixo
das montanhas, virar intransitivo. Arquibancada de lúdicos. Fiquei o dia
inteiro contemplando a beleza do céu, das nuvens, do vento, das árvores, da
luz, pela janela, é claro. Achei o muro da igreja da frente muito grande e
coloquei-me a tentar atirar pedras nas calçadas vizinhas. Visualizei todo
brilho que minha mão resplandecia as gotículas de chuva, o sol foi tirado, mas,
aos poucos, aparecia de vez em quando, e transformava meu sorriso em agonia.
Cheguei
a ver na minha franja um resquício de uma boca-de-leão, eu ri. Amassei com as
mãos flores que estavam entrelaçadas nas paredes externas da minha casa,
sentindo aquele cheiro de primavera. Ouvi o cantar dos pássaros, o chamado que
cada um recebia de si mesmo para cuidar do ninho de descendentes. Amarrei um
laço de fina nos meus cabelos que estavam sendo sacudidos pelo vento que trazia
a noite.
O sol se pôs, veio a
reminiscência dos dias seguintes misturados com as vezes que ainda não vivi. O
resplendor, o vazio sendo preenchido pelas belas danças feitas pelas estrelas
no céu. O jardim, as flores, o meu laço, tudo ficou escuro, mas vivo. Observei
o asfalto dos seus olhos sem cor. Entretanto, chegou o reflexo e a imagem da
minha espera, a Lua.
Bruna Caznok
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