Eu sempre pensei no dia do meu enterro, o qual seria quando eu
estivesse no ápice do meu sonho, e deveria ser muito triste, onde todos os
meus estranhos iriam estar extremamente tristes.
Eu sou a segunda filha, a primeira faleceu quando nasceu de morte
natural, e se chamava Alice Manuela, igual a mim. Quando descobri que minha vida
era uma mentira, eu não era mais única, era apenas o segundo plano, eu
desmoronei.
Sempre queriam que eu fosse de um modo, criavam uma forma que poderia
ser a do que um dia foi, mas subiu com o vento, e encontrou o mar. Eu fazia de
tudo para ser assim, achando que a vida era minha, mas era engano. Nada
existia, tudo girava em torno da ânsia da minha alma.
***
Meus pés encostaram na faixa de pedestres, e toda a vida imaginei o
sangue corroendo o branco tencioso das linhas no asfalto; pessoas que nem me
conheciam rodeavam o chão , entretanto, nada me libertava.
Queria algo novo, inerte, minha idoneidade e idade só me faziam
acreditar: é no berço que se tem a vida. Eu queimo Aristarco, de nada adianta,
só se eu romper a minha ideia e esquecer.
Alice Manuela de Siqueira Ramos.
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