domingo, 3 de junho de 2012

Cartilha


Eu sempre pensei no dia do meu enterro, o qual seria quando eu estivesse no ápice do meu sonho, e deveria ser muito triste, onde todos os meus estranhos iriam estar extremamente tristes.
Eu sou a segunda filha, a primeira faleceu quando nasceu de morte natural, e se chamava Alice Manuela, igual a mim. Quando descobri que minha vida era uma mentira, eu não era mais única, era apenas o segundo plano, eu desmoronei. 
Sempre queriam que eu fosse de um modo, criavam uma forma que poderia ser a do que um dia foi, mas subiu com o vento, e encontrou o mar. Eu fazia de tudo para ser assim, achando que a vida era minha, mas era engano. Nada existia, tudo girava em torno da ânsia da minha alma.

***

Meus pés encostaram na faixa de pedestres, e toda a vida imaginei o sangue corroendo o branco tencioso das linhas no asfalto; pessoas que nem me conheciam rodeavam o chão , entretanto, nada me libertava.
Queria algo novo, inerte, minha idoneidade e idade só me faziam acreditar: é no berço que se tem a vida. Eu queimo Aristarco, de nada adianta, só se eu romper a minha ideia e esquecer.  


 Alice Manuela de Siqueira Ramos.

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