segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Visse! Que povo mais tirano, eu

“Vou mudar, ontem.” Desde que ouvi isso fiquei muito encucada. Escutei de mim mesma, peguei-me em sonhos ao pôr do sol. Não é por nada e sim por tudo, todos mudam, é natural esse fenômeno. “Natural?” – Exalou em minha mente. Sim, natural. Leva-nos a mutação, não vamos ser como éramos antes - e alguma forma-, com o tempo, seremos melhores, mais fortes, mais bons.

Quando li um conto chamado ‘Mutação’ fiquei extremamente viva, sim, muito viva. Não me lembro do autor, só do título e da história, que contava sobre um homem que acordou em seu casulo fazendo a ecdise (muda, troca de exoesqueleto). A cada estágio mudava, via-se de outra forma, sentia-se de outra forma, e o mundo, mudava com ele, porém, em algumas horas, o homem estava à frente do mundo.

Era uma morte simples, normal, abrupta, semelhante, desigual. Sem dor, e assim fechava-se um ciclo. Para ele, cada dia era uma nova forma de viver, um novo motivo para estar aí. Sons inusitados, cânticos independentes. Enfim, tudo mudara, mas detalhes permaneciam.

Para mim, era novidade. Eu, em minha plena rebeldia e desconhecimento do notável ser humano, não entendia quase nada. Buscava, e com isso, cheguei a uma conclusão: quero e vou nunca querer desistir. Imensidades seriam minhas, o ouro mais valioso estava só me esperando. Poderia sim, algum forasteiro conseguir antes, mas eu não faria manha, o horizonte já era meu.

Sabe quantos anos tinha? Minha idade menos quatro, quando li e iniciei isso. Por isso falo: “Eu comecei a viver quando observei essa masmorra que me cercava. Não só de uma forma literal, e sim, vi que tudo o que pensava era obsoleto, o que um dia foi bom, mas se transforma.” A sensação foi inesquecível, flutuante. Parece que sai do meu próprio "mundo com limites", e vi que deveria ligar para tudo, e, ao mesmo tempo, não ligar para nada. Se eu não fizer no agora, não tenho outro tempo para fazer. Nunca é tarde. Tudo é passageiro. Não há tempo. Há todo tempo do mundo. Trilharemos nesse momento o passado, presente e futuro, tendo sua arcada dentária.


Bruna Caznok.

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