domingo, 20 de novembro de 2011

Protocordados amados

Deitei ofegante na cama. Estava com indícios de dor no ouvido, dor de cabeça e quase uma dor de garganta. Já delirando de febre, pensei na Sara e no Johnny, o sentimento deles, aquela concentração molecular que havia entre eles, aquela corda que os amarravam. A ideia da menina doce e boa que ela era, e o eterno encantador e apaixonado que ele era, o qual não dava rosas, sim maças de amor. De tal amor que ansiavam, não puderam realizá-lo por completo, tiveram um empecilho, fizeram o que deveria ser feito. Foi só uma vez, depois seguiram suas vidas.

Mas, por que diabos eu pensei nisso? E por que, nesse momento, do nada, pequei um papel de um calendário e uma caneta da cadeira da minha avó, e estou escrevendo, anotando, quase fechando meus olhos, pois estou farta de tudo? Por quê? Oz sabe.

Só sei que depois disso me afundei por baixo dos cobertores, vi a ausência de todas as cores, sem pensamentos, uma fenda, o escuro. Sim, agora lembrei de fantasmas que rondavam e atormentavam a minha infância, Oz, Sr. Sequinho, Bruxa Pi, Gato Infame, entre outros milhões, e precisei escrever. Verdade, minhas mãos tremiam, meu dedo machucado doía, mas eu não queria parar, não. “Foi necessário!”

Apaga a luz sozinha. Medo. Sensação de dormência nos meus pés. Parece que com a visão perdi os outros sentidos, também. Somente segui presa em meus momentos que não me deixavam. Olhei a porta, mas como? Estava tudo escuro, entretanto, olhei-a. Vi, observei, calculei, persegui, procurei, encontrei. Estava na minha frente um gato, estranho, assombrado, nevoante, sombrio.

Esse gato era mágico e maravilhoso, e apenas olhava-me. Branco, enorme e tinha olhos avermelhados de 789-nt, uma droga usada para modificar geneticamente animais. Nada atormentava-me mais, fiquei calma com essa alma gélida, bandida e meiga que estava na minha frente.

Sentindo já que não aguentava mais, era quase impossível escrever, eu dormi. E nesse sono não sonhei, de tão cansada que estava, cansada da vida.


Bruna Caznok.

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