sábado, 10 de março de 2012

Arrancado


Gostaria muito que a minha lágrima se transformasse em ebulição; fosse, andasse. Chegasse bem perto de você e liberasse uma chuva. Com meu sorriso, se misturasse raios solares, contemplando seus olhos amarronzados cinzas, brancos e negros. Fizessem do luar sua morada e das minhas asas passada. Queria muito ter palavras prontas na minha mente para que eu pudesse dizer “saia” e viesse uma frase pronta, bem interligada, cheia de vida e cores. Mas o pH é neutro, não é ácido e nem base. Fosse música para quando as luzes se apagam.

Sem fantasia, roupa estranha, ou pupilas pequenininhas. Amanhecesse novo, estreando à noite. Não olhasse mais janelas, paredes, ou portas – seria tudo livre, sem obstáculos. Entretanto, tornar-se-ia fácil. Não é o que eu quero, e nem você. Por isso transcrevo verdades desmentidas. São elas rebuscadas. Não vou dizer simplesmente “quero você aqui e agora”. Seria normal, e eu não sou assim. Ia ser comum demais para você. Então eu digo que queria contemplar meu tempo todo olhando seu branco transparente, sentindo o vento dos céus em minhas mãos, vivendo num imenso chapéu da bruxa, carregando trezentos livros nos meus braços. Levando suas asas com os meus cabelos. “Vamos fazer uma maracutaia.”


Bruna Caznok

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