quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eduardo


Felicidade. Um ruído enorme disse-me que ela é encontrada em vários lugares: nas coisas simples, no amor, nas músicas, na pintura, na amizade, nas palavras, em acordes, em poemas, em desenhos, em sons imensuráveis, em cálculos, no luar, no sol, enfim, em tudo. Mas a verdadeira é um pouco difícil de se encontrar, ela é rara, é aprazível, e quando nos envolve é como se encontrássemos um soneto em uma confusão. E nitidamente sabemos que ela está na nossa frente.

É singela, e muito, mas muito preciosa. Vem com um cheiro inesquecível, além de que você percebe que algo que você tenta fazer parar, o tempo, permanece intacto, parado, ali. Parece que passou quinhentos anos e, na verdade, você está encharcado de alegria. Senti-me assim, pela primeira vez, ontem lendo um livro incrível, que conta a história de mar e sua vida submarina. Os sonhos dele, o Conse, que sabe tudo da classificação dos animais, e todo a vida que existe lá no fundo do oceano. Passavam-se dias no livro, na minha cronologia mental também, porém no relógio as horas se arrastavam. O tic tac eu nem ouvia mais. Estava inerte e vivendo num tempo sem tempo.

Andaluzia também encontrou sua grande alegria e foi na confecção de roupas. Ela amava desenhar croquis e depois fazer os trajes. Seu tempo era confortante, imaculado e nem percebia quando os dias se passavam. Por uma fisgada da sorte, ou quem sabe, da vida mesmo, ela acabou falecendo, mas suas obras ainda permanecem em vestidos de noivas e com seus netos.

Às vezes a tal da felicidade não vem tarde, vem cedo demais. Entretanto, não se nota, e ela some, escapa em um estalar de dedos. O vento sopra, leva ela e é como se você nunca tivesse a visto. E o mais complicado é pedido agora: calma. Mas se sabe dela não a deixe evaporar, se ela se for, não existe um problema exato, pois a busca incessante pela felicidade é um dos maiores sonhos da humanidade, e não há possibilidade de estabilidade com ela. Mova-se, sempre há um novo horizonte esperando por suas lágrimas, angustias, medos, e transformando eles em um belo sorriso. 


Bruna Caznok.

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